Historial
Em Lamego existia, desde 1868, um “Asilo Distrital da Infância Desvalida” que beneficiava crianças pobres dos concelhos do Norte do distrito, deixando de fora as crianças da parte Sul do distrito que se encontravam em circunstâncias idênticas.
Assim, na sessão ordinária de 1 de Junho de 1873 da Junta Geral do distrito de Viseu, o governador civil de então, Dr. Francisco de Mello Lemos e Alvellos, Visconde do Serrado, apela para a fundação de um asilo em Viseu para responder às necessidades desta zona do distrito.
Esta ideia foi ganhando forma e, em 1874, o governador civil dá conta das comissões organizadas para promoverem e colherem donativos para as despesas de instalação e custeio do asilo. A 1 de Junho de 1874 a casa já estava pronta, mobilada e com roupas. Os estatutos estavam formulados e aprovados para poder realizar-se a sua abertura. As crianças foram chegando. A 14 de Junho de 1874 o Asilo foi inaugurado, e foi feita a sua entrega aos subscritores, representados pela mesa da Assembleia-Geral, comissão protectora e direcção, conforme os estatutos.
A instalação fez-se, primeiro, numa casa com face para a Rua Direita e Rua da Árvore e, mais tarde, na casa das Bocas, onde funcionava também o hospício. Porém, ambos os estabelecimentos ficavam mal acomodados e o Sr. Visconde do Serrado enceta diligências com vista à construção, em lugar apropriado, de um edifício que satisfizesse as condições necessárias às duas instituições.
Foi necessário lançar mão de empréstimos por meio de subscrição pública – a primeira de 8.000$000 (oito mil reis), aberta a 22 de Dezembro de 1875 e a segunda de 6.000$000 (seis mil reis), em 1877.
O terreno para a edificação foi adquirido a 21 de Dezembro de 1875 por 390$000 (trezentos e noventa reis). Na sessão de Novembro de 1880, a Comissão distrital executiva da Junta Geral dá conta do fim das obras no edifício construído pelo distrito para o “Asilo da Infância Desvalida” da cidade de Viseu.
A administração da Instituição foi exercida com regularidade pelos corpos gerentes conforme as disposições estatutárias, salvo no período decorrido entre Agosto de 1927 e 24 de Maio de 1948, em que a gerência foi exercida segundo o regime de Comissão Administrativa.
Em 1928 foi instalado neste edifício, por solicitação do ministro da Justiça, um Reformatório para menores em perigo moral, do sexo feminino, que funcionou nestes moldes até ao fim do ano de 1960. Este facto obrigou à deslocação dos rapazes internados para o Asilo-Oficina de Santo António. Mais tarde, a secção masculina veio a ser instalada no prédio, sito na Rua Nunes de Carvalho, legado pelo General Pina e Melo.
A mudança da secção feminina da Casa dos Melos, na Rua Chão do Mestre, para o actual edifício, situado na Rua Serpa Pinto, deu-se a 4 de Março de 1961.
Em 1971 foram revistos os estatutos, sendo aprovados por despacho a 9 de Junho, passando a instituição a reger-se de assistência particular e a denominar-se “Internato Viseense de Santa Teresinha”.
Neste mesmo ano, a Direcção acordou com a Província Portuguesa das Religiosas do Sagrado Coração de Maria, a vinda de uma comunidade para a orientação e formação das utentes e o governo da casa.
Em Dezembro de 1974 foram eleitos os corpos gerentes. Não sem receio, pois a experiência era nula, mas animados pela vontade de servir, aceitaram a decisão da Assembleia-Geral.
Vivia-se, então, uma época revolucionária e as dificuldades pressentiam-se. Avizinhava-se o “verão quente” de 1975. Pela sua grandiosidade e localização, o edifício era cobiçado e esteve prestes a ser ocupado, não fora o bom senso de alguém que, tendo vindo de Lisboa, reconheceu, perante as explicações fornecidas, que tal ocupação não devia efectuar-se.
Entretanto este edifício chegava a um estado de deterioração que não satisfazia a sua finalidade. Em 1976 a casa foi visitada por técnicos da Direcção Geral de Assistência, para averiguarem o estado de conservação do edifício. Em Março de 1977, em reunião no Governo Civil, presidida pelo então senhor Secretário de Estado da Segurança Social, foi decidido que o Internato mandasse executar o respectivo projecto de obras.
Em Outubro de 1978 procedeu-se ao concurso de empreitada, e deu-se início aos trabalhos em Março de 1979. Para realização das obras, os serviços aqui sedeados foram transferidos para a casa de férias na Figueira da Foz durante o ano escolar de 1979/80. Em fins de Setembro de 1980 as crianças e jovens regressaram, tendo ficado instaladas na parte Norte do edifício até terminarem as obras. Todas estas mudanças trouxeram incómodos de vária ordem que foram suportados com a compreensão de todos.
A inauguração da última grande remodelação do edifício, teve lugar a 1 de Outubro de 1980, festa de Santa Teresinha, Padroeira desta casa.